terça-feira, 3 de março de 2020

Quando se dá mais do que recebe



O fato de você ser cdzinha, trans, de alma feminina, traz os mesmos inconvenientes que as mulheres reclamam. Os caras, simplesmente, só pensam no próprio prazer. Este final de semana, depois de passar a tarde de domingo em uma sauna, vim pensando a respeito. Cheguei à conclusão que não há muito o que fazer. Ou você acha um cara que seja carinhoso e que lhe dê prazer - o mesmo que você dá pra ele - não tem salvação. 

É estranho, porque o cara começa a beijar você. Lambe seus bicos dos seios. Passa a mão em todo o seu corpo e, quando você vai para a cabine, ele se transforma. Você deita na cama e ele enfia a rola na sua boca até você engasgar. Não sinto prazer nisso. Não me dá tesão. Mas parece ser o grande barato do cara. 

Ele põe você de quatro e mete à vontade. Mete muito. Você pensa: "Legal, ele vai deitar na cama, beijar, fazer carinho e gozar gostoso". Mas não. O cara arranca a camisinha. Pede pra você chupar mais um pouco e vai embora: "Não quero gozar agora", diz, rapidamente, com pressa para achar outro cuzinho. 

É muito frustrante. 

Vem um segundo cara. Jovem, musculoso, inteiraço. O ritual se repete. Ele faz tudo igual ao seu antecessor. Com uma diferença: goza no meu rosto. Goza pra caramba, por sinal. 

Esses caras nem se deitam na cama. Ficam de pé. Talvez com receio de se transformarem em gays. Em pé, com o pau na sua cara e no seu cuzinho, eles reafirmam sua heterossexualidade. É triste.

Frustrada, fui me arrastando até o quarto escuro coletivo e fiquei ali deitada de bruços, meio dormindo, meio acordada. Ao meu lado, um rapaz ficou de quatro à disposição de dois caras. Eles pegaram o moço de jeito. Enquanto um comia o outro oferecia a rola. Ele se divertia levando no cu e engolindo uma pica que parecia ser bem grandinha. Gozou gritando. 

Senti que alguém deitou próximo aos meus pés e começou a passar a mão nas solas. Achei gostoso e deixei. Era um podólatra. Com muito carinho, ele lambeu dedinho por dedinho. Passou a língua nas solas, nos dorsos dos pés. Bem lentamente para me matar de tesão. 

Nisso, um engraçadinho acende a luz do quarto escuro, mas apaga em seguida. Achei que ia quebrar o tesão do podólatra, mas não. Ele continuou lambendo, chupando os dedos. Com muita aplicação, com muita tranquilidade. 

Essa é uma sensação gostosa, porque a planta dos pés se irradia por todo o corpo. Por isso é tão delicioso, quando você compra um sapato novo, como o tamanco vermelho desta publicação, e o cara coloca no seu pé. A sola desliza pela base. O pé encaixa no sapato. Você se admira. Vê como o calçado ficou perfeito nos seus pés, para ele proceder com a adoração, que vem em seguida. 

Então, enquanto a língua dele estava passeando pelas solas, se infiltrando entre os dedinhos, meu grelinho ia endurecendo, pedindo para gozar. Mas ele gozou antes, balançando muito o corpo, gemendo alto. 

Vim pra casa. Coloquei um vestido longo de algodão branco, de alcinha, aberto nas laterais. É um traje velhinho, de verão, mas eu adoro pra ficar em casa. Não pus calcinha, nem sandália. Assim, só de vestido entrei em uma sala de bate-papo e conversei com um cara legal, que disse ser coroa, casado, morador de Belo Horizonte e apaixonado por cdzinhas. Foi o que salvou a noite. Se não fosse por ele, ia dormir muito frustrada. 

Essas salas de bate-papo reúnem gente de todo tipo. Raramente, a gente encontra alguém legal, que sabe conversar e não erra tanto no português. Por isso, é digno de comemoração. 

Enfim, vamos continuar a aventura de viver.   

2 comentários:

  1. Ninguém preza o português, nem pra conquistar uma cdzinha.

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    1. Depende muito da pessoa com quem vc conversa. Tem muita gente interessante, que escreve bem e dá prazer de se bater papo, mesmo q seja virtualmente.

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É tudo verdade