terça-feira, 5 de setembro de 2017

A piranha ataca na piscina






Era sábado à tarde e eu dava uma de piranha na hidro da sauna. O moreno, que não parecia apetitoso à primeira vista, estava, entre as bolhas, formadas pelo motor da hidro. Fiz o movimento de aproximação costumeiro e em minutos masturbava-o com os pés. O badalo duro, circuncidado, penetrante. O amasso na piscina foi mais longo que o habitual. Devemos ter ficado uma hora na água, trocando posições e preferências. Ora ele me chupava, ora eu o chupava. Ora ele punha o cacete entre as minhas coxas, ora fazia isso nele. Quando nos demos conta, éramos um casal apaixonado, se beijando na boca, fazendo carinho.

 A sintonia era tão boa e tão rara que quem nos visse acharia que estávamos juntos há anos. Gostava do jeito dele de me olhar, de agarrar meus mamilos e os lamber. Ele não mordia, não dava chupões, não provocava dor desnecessária. Era um embalo perfeito, agradável, apaixonante. 

Quando não aguentávamos mais, subimos para o reservado. Deitei de costas sobre as toalhas que ele havia estendido sobre o catre como se fosse um lençol de linho claro. Ele pegou meus pés e iniciou o trabalho pela base. Passei as solas sobre o peito peludo dele, sentindo uma sensação deliciosa. 

Ele se deitou sobre mim para me comer pela cucetinha, do jeito que eu gosto. A gente se beijava na boca, ele enfiava, tirava e voltava a pôr. Minhas pernas subiam, agarravam as nádegas dele e o empurravam para dentro. 

As posições sucediam-se de uma maneira harmoniosa, sem que estivéssemos preocupados em seguir o rígido e burocrático manual da foda perfeita. Eu ficava de lado e ele me penetrava, com a minha perna subindo, abrindo-se como se fosse um compasso. Ele me punha de “frango assado” e minhas pernas subiam lá para o alto, por sobre os ombros dele. Não dizíamos nada e os encaixes eram perfeitos. Os corpos falavam: “Feitos um para o outro.”

A minha pele aceitava a pele dele sem objeção. Ficava de pé, de quatro, enquanto ele enfiava sem pressa, sempre beijando e acariciando. 

Ele deitou-se de costas, com o porongo absolutamente ereto esperando por mim.

Lambi o corpo dele, começando por baixo e por fim sentei no mastro. Empalada como se deve, pedi para morrer naquele momento. Minhas mãos sobre o peito cabeludo dele, minha boca descendo, caindo lentamente em direção à boca que me esperava. A gente se beijava, se lambia e ao mesmo tempo eu era empalada, preenchida, completada por uma pica pontuda e resoluta.

Dentro do reservado perde-se a noção de tempo, porque não tem janelas. Você ouve os casais gozando e gemendo nos reservados vizinhos, mas não tem ideia dos minutos, de quanto tempo se passou desde que a porta se fechou. Às vezes, você ouve alguém apanhando na bunda, escuta o ruído dos tapas (ou das chineladas esquentando uma bunda) e como isso está sendo bom para quem bate e para quem apanha. Às vezes, é a chave do armário, presa geralmente nos tornozelos, que balança e faz barulho de sininhos de Natal. 

Sinal de que o seu portador deve estar com as pernas erguidas, lá em cima, sendo chacoalhadas por uma pica colossal, cravada nas profundidades. Dali a pouco, alguém grita, alguém goza com estardalhaço. Vem o silêncio, um movimento breve de pés no chão e a porta que se abre, que gira nas dobradiças precárias e se fecha rapidamente.

 “Ele é o cara”, pensei depois do gozo. 

Meu orgasmo veio, correnteza engrossando ao longo do percurso, raízes e árvores arrastadas, terra revolvida, força inexorável da natureza (para ser um pouquinho gongórica). 

Deitada de barriga para baixo, com ele por cima. Absolutamente relaxada a aproveitar cada segundo daquela foda que fazia de mim a cdzinha mais rica do planeta. Sentia os beijos em meu pescoço, a orelha lambida, o mordiscar no lóbulo, ele dizia que eu era uma delícia, que gostaria me comer até o fim dos tempos, que a minha bunda era seu destino. Enfim, essas bobagens que se dizem quando estamos tesudos. Ele dava as estocadas, enterrava gostoso, a pélvis se chocando com minhas nádegas, as bolas batendo lá embaixo, tentando entrar em mim. 

Veio na forma de um rio turbulento, uma corrente ensandecida, radical, transformadora, sem que eu encostasse em meu pau (que não estava duro por sinal); veio vindo; veio vindo, com muita força, com uma carga incontrolável, que me fez gemer a princípio, para depois eu gritar como há muitos anos não gritava. Senti o corpo balançando, tremendo, era um terremoto da epiderme, dos músculos, com espasmos incontroláveis que mais uma vez me fizeram chorar e rir ao mesmo tempo.

Meu marido, pensei.

Ele tirou o mastro, que ainda estava duro. Não tinha gozado. Disse que se guardaria para o “segundo tempo”. Conversamos um pouco. Descobri que ele morava em um bairro distante, que tinha uma oficina de costura com alguns empregados. Eu passava a mão no peito coberto de pelos me sentindo Cinderela pós-foda. Fomos tomar banho e sem encontrar uma razão lógica, saí da área dos chuveiros e fui me trocar, sem me despedir dele. 

Quando ele terminou o banho, me viu no bar, pegando a ficha do acerto de conta. Estava trocada, vestida, o cabelo molhado, o corpo úmido, fugindo dele, fugindo daquele lugar. 

Na rua, pensei em voltar, em fazer hora em uma lanchonete na frente e convidá-lo para jantar. Mas fui embora, sabendo que nunca mais voltaríamos a nos cruzar. Era final de tarde quando saí da sauna. O sol havia se posto e o céu, azul claro, com aquelas reverberações vermelhas do dia quente que se acabou. Caminhava pelas ruas, com um sorriso maroto nos lábios.

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