sexta-feira, 8 de maio de 2020

Precisamos discutir a gangbang


Gangbang, em inglês, significa orgia. Já tive algumas experiências. Tenho histórias para contar. No cinemão, em certos momentos, me senti como essa cdzinha do desenho que ilustra a postagem. 

Uma cd coroa amiga, casada com mulher, sempre teve desejo de participar de uma gangbang, mas sempre também lhe faltou coragem. A gente estava conversando outro dia e ela me perguntou: "Qual é a sensação? O que você sente na hora?".

O questionamento dela me levou a pensar que nunca planejei participar de sexo grupal. Simplesmente, aconteceu. Estava no lugar e na hora em que rolou. Tenho recordações de sauna, com três ou quatro caras em volta de mim; mas as lembranças de maior impacto remetem ao cinemão.

Um cara pega você e te leva para a poltrona, que é velha e vai gemer muito durante o procedimento. Pobre poltrona vermelha, puída e decadente. Ele manda você tirar a calcinha. Levantar o vestido e ficar de quatro. Você põe gel lubrificante no seu orifício e também na vara dele, envelopada pela camisinha. 

Os joelhos estão apoiados no assento. O peito, abraçado no que seria o encosto. Você começa a ser enrabada. Os gemidos e o nhec-nhec da poltrona atraem a atenção de outros frequentadores. Você está com os olhos fechados, concentrada, sentindo o cacete indo e vindo dentro de seu traseiro. Quando você retorna ao mundo, abrindo os olhos, se depara com uma multidão de homens ao seu redor. Não dá para ver direito quem são. No cinemão escuro, você percebe que eles tiraram seus caralhos pra fora da calça e se excitam, vendo você ser enrabada, masturbando-se bem devagar, bem gostoso. 

Do nada, um pinto aparece e encosta em seus lábios. O movimento é natural. A cdzinha entende o que vou dizer e não vai me julgar. Você abre a boca e engole o membro oferecido. Começa a chupar de olhos bem fechados.

Cena real de gangbang no cinemão


Mas suas mãos tateiam e você nota que sua mão direita bate uma punheta agora para um terceiro cara. E a esquerda? A mão esquerda será desprezada? Não. Longe disso. Em segundos, ela manipula outro cacete. 

O sujeito, que te comia, goza e vai embora. Atira a camisinha no corredor e desaparece. Outro assume o lugar deixado por ele e começa a te comer.

Desesperada, você deixa de bater punheta e leva os dedos para a rola, que já entrou em seu cu, para tentar descobrir se o cara pôs a camisinha. Não pôs. Você recua. Arranca o cacete fora de você e pede para ele pôr a camisinha.

O sujeito se revolta e vai embora. Vem outro, em seguida. Este está de camisinha e você permite que ele te coma. Retomado o processo. Batendo punhetas e chupando caralhos.

Um dos cacetes descarrega a carga em seu rosto. Sua bolsa, onde está o papel para se limpar, caiu em algum momento ali no chão. Você está com o rosto cheio de leitinho. As rolas em volta. 

Os movimentos do cara, que te come, ficam mais acelerados. Ele enfia e você geme, fazendo com que os caras em volta sintam muito mais tesão. 

O cheiro, que predomina, parece de água sanitária, mas você sabe que é o esperma, escorrendo lentamente de seu rosto.

Você está entregue, sendo fodida sem parar. A impressão é que nunca vai acabar, que os caras vão continuar metendo em você até a eternidade.

Mas o cara que te comia goza. Sai de você e repete a cena de jogar a camisinha fora. 

Você se recolhe. Senta na poltrona. Procura a bolsa e o papel higiênico salvador. Tem muito gel lubrificante em seu cuzinho. Tem esperma ainda escorrendo de seu rosto, do pescoço.

Você se limpa bem devagar. Louca para entrar em um chuveiro quente.

Em volta, não há mais ninguém. A matilha foi em busca de uma nova caça.     

Retornando à pergunta que minha amiga cd coroa e casada fez: "O que você sente?". Posso dizer que, na hora, você está tão entretida que não tem condições de racionalizar. O que fica registrado é a adrenalina em alta velocidade, como se todo seu corpo estivesse ligado em uma carga de voltagem. Na hora, você não sente medo. Isso de se tornar o centro de atenções prevalece e afasta qualquer temor. Parece que nada de ruim pode lhe acontecer. 

Quando acaba, quando você reúne seus cacos e vai embora, fica aquela sensação desagradável do vazio que não foi preenchido. Sim, sua autoestima está lá embaixo, por isso você fez o que fez. Arrependimento mata. 

Mas, pensando melhor, foi tão gostoso. Foi tão saboroso. Você se sente tão bem rodeada de rolas...

À noite, depois do banho quente, depois de comer iogurte com granola, você coloca uma camisola perfumada e vai deitar, rodeada de imagens inesquecíveis. Doces sonhos a esperam.

      

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Tempos epidêmicos


Os caras com quem tenho conversado ultimamente demonstram preferência por sapatos de salto alto. É compreensível. Sapato de salto alto deixa o pé mais sensual e traz uma certa dignidade à sua portadora. Pessoalmente, prefiro rasteirinha. Essa Havaiana Saint Tropez é a minha preferida. Acho linda essa sandália, confortável e sensual, por que não. 

Mas quero falar dessa quarentena e da pandemia rapidamente...

Quando era mais nova, quando a aids ainda era uma doença fatal, sem medicamentos, não tratável, lembro de ter ido a uma sauna gay e o lugar estava assustadoramente vazio. Entrei na sauna a vapor e havia um único cara lá dentro. Encolhido. Triste. Sem saber o que fazer. Vi uma barata enorme, subindo e escorregando pela parede, morrendo lentamente pelo efeito do calor, naquilo que me pareceu uma metáfora da nossa situação. O rapaz comentou algo comigo, dizendo que "o lugar estava arruinado, vazio, às moscas". Pensei comigo: na realidade, está entregue às baratas.

Não muito tempo depois, surgiu o coquetel antiviral e a aids deixou de ser uma doença sem remédio, para se tornar um mal controlável. 

O mesmo vai acontecer com o coronavírus. Em alguns meses, vão surgir novos medicamentos e até, provavelmente, uma vacina salvadora. Ficaremos imunes. Seremos testemunhas de nossa sobrevivência - mais uma vez - até a próxima ameaça.

Para alguém como eu, que gosta de estar com homens, tem sido uma tortura essa quarentena. Sem falar no meu emprego que nem sei se estará lá, quando sair de casa. 

Estava lendo um jornal hoje pela internet e a reportagem perguntava o que a gente fará, quando essa tortura tiver chegado ao fim. A minha resposta imediata foi: vou dar muito. Pegar o primeiro cara que aparecer na minha frente de pau duro e sentar na rola. Fazer o sujeito descarregar umas dez vezes em mim. Ele não me escapa.

Em conversa, ontem, com uma cdzinha novinha, me lembrei do meu próprio percurso. Comecei usando calcinha, sutiã e lingerie da minha mãe. Nas brincadeiras com os amigos, era eu quem ficava por baixo, deixando eles se esfregarem em mim até gozar. Adolescente, comecei a chupar e masturbar os colegas. Com 20 e poucos anos, perdi minha virgindade anal. Foi uma experiência traumatizante. O cara era péssimo de cama. Doeu pra caramba. Foi inesquecível, do ponto de vista da vontade de nunca mais trepar daquela maneira. Com o tempo, vieram outros caras. Fui aprendendo a reivindicar meu prazer. Até ficar muito bom.

Geralmente, o homem que procura a cdzinha, a trans, é casado ou tem namorada, mas está em busca de algo diferente. Muitas vezes, a mulher não tolera dar o cuzinho. Com a cdzinha, ele sabe que vai ter o que precisa. Ela vai dar a bunda, sempre que ele quiser. A cdzinha também adora chupar uma rola. Se ele tiver vontade, vai deixar o pau na boca da cd até se satisfazer. 

Esse homem, levado pela curiosidade, pode chupar a cdzinha e conduzi-la ao gozo. Pode sentir prazer em fazer sexo com alguém que tem um pinto parecido com o dele. 

O desejo da cdzinha é o desejo do homem com quem ela está. Se a cdzinha vai gozar, se ela vai se satisfazer naquele momento, são detalhes de pouca importância. Para a cd, a primeira opção é o prazer do homem. Saber que ele virá sobre ela e descarregará sua carga em profusão. É um momento de realização para a cd. Saber que satisfez seu homem, que ele pode voltar para a sua esposa ou namorada mais leve, mais em paz consigo mesmo. 

A cdzinha (a trans, a trava) também reconhece que ela sempre será a segunda opção. A primeira vai ser a esposa, a namorada, para quem ele retorna, depois de satisfazer seu desejo pouco ortodoxo.

Conheci cds e travas que casaram com mulheres héteros, com lésbicas, com transexuais. Mas foram raras as que se casaram com homens. Pensando bem, só tenho uma amiga trava, que é casada com homem. 

É o nosso destino de trans. Saber que, da mesma forma que eles vêm, eles irão embora. Mas tudo bem. Vale cumprir a nossa finalidade que é a de dar prazer para eles. Hoje e sempre.     

   

Cdzinhas amigas do Twitter

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É tudo verdade