quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Cine Arouche - templo da pegação 2




O Cine Arouche tem dois banheiros: um no piso superior e outro no andar de baixo. Não há banheiros femininos.
Embaixo, o que era o banheiro feminino foi transformado em mais um espaço de pegação. As privadas, torneiras, pias, toda a louça sanitária foi arrancada. Então, o pessoal entra naqueles espaços onde ficavam os banheiros e transa em pé. Não há portas, mas também não se enxerga quase nada, porque é tudo escuro.
Os dois banheiros em funcionamento não têm papel higiênico, nem assentos. Uma única porta tem fechadura. As demais ficam encostadas. Às vezes, os caras estão transando ali dentro do banheiro e a porta se abre inesperadamente. Alguém quer usar a privada ou observar a foda.
Os banheiros vivem encharcados. O piso fica sempre coberto por uma lâmina de água. É uma poça ampla, dominante. Parece um pântano. Um funcionário aparece de vez em quando, mas o banheiro jamais fica seco ou limpo.
Nos banheiros, predomina um cheiro de cadeia, que é aquela mistura indefinida de urina, suor, umidade, mofo, esperma, fezes.
As pias têm torneiras de pressão que regulam a saída da água. Para lavar a mão, demora uns três minutos. É preciso apertar um sem número de vezes a parte de cima da torneira. A água escorre em fios insuficientes. É uma torneira avarenta.
Os vasos sanitários são sujos, com resquícios estranhos de cor marrom nas bordas. Os usuários raramente dão descarga. O comum é encontrar o vaso coberto de urina e fezes.
Pelo chão, espalham-se papéis sujos, grudentos. As camisinhas usadas, repletas de esperma, cobrem a lixeira e também são atiradas nos cantos. O chão é molhado, úmido.
Poderia ser melhor. Poderia ser diferente, mas como a frequência é de homossexuais, travestis, crossdressers deixa como está. Parece que a gerência do cinema está dizendo que "essa gente não merece nada a não ser a nossa aversão".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

É tudo verdade